sexta-feira, 29 de abril de 2011

EU LEVEI MINHA ALMA PRA PASSEAR

          Hoje quem escreve é a “Tucana” Marcele. Meu depoimento no CA (Corredores Anônimos) é o seguinte (hehehe!!):
(Marcele com sua aura da alegria.)
          Depois de alguns dias sem treinar em virtude do trabalho, hoje, FELIZMENTE, saí correndo. Há tempos eu reparo no seguinte: quando não corro fico de mau humor. Eu preciso correr para ficar bem, para ficar feliz. Não sei se é o barato da serotonina no cérebro que me faz ter essa sensação de prazer, não sei se é a euforia provocada pela endorfina... Eu só sei que sou dependente da corrida!!!
     Ontem tive um dia de cão. Um dia estressante no trabalho! E eu sabia que para me recompor hoje, só a corrida. Então meti meu shorts azul Adidas, camiseta regata, coloquei meu tênis detonado, sujo, e saí por aí, sem destino. O som no meu MP variou bastante: Groove Armada, Mombojó, Jamiroquai, Michael Jackson, Eddie, Nação Zumbi, Copa 7 no Samba, Trio Mocotó e até Jovelina Pérola Negra. Mas eu confesso que o som que mais me instigou, que mais me impulsionou, que mais me empurrou hoje foi “Quando a Maré Encher”, na versão original do Eddie. A guitarra, a vibe, a batida, enfim, a cadência de “porrada” que a música atinge me fez querer correr mais e mais, acelerar igual a uma doida. Eu já tinha corrido 12 km, feliz, feliz, feliz! Mas os últimos quilômetros foram os mais empolgantes: ao ouvir a música, eu quis velocidade, como se a música e as minhas passadas liberassem, conjuntamente, todo o meu estresse, todas as energias ruins que estavam dentro de mim.
 
(P.S.: Eu taaaaaaaaaaaaava nesse show em Jampa!!!!!!! Quase morri, não precisa nem dizer!!!)
           E isso da corrida dissipar meus males e malogros sempre funciona!!! Sempre!!!! Há uns meses, estava triste por causa de uma pessoa. E o que me ajudou a mandar esse sujeito que me magoou “praqueeele lugar” (hehehe!!) foi a corrida. Eu metia “Bossa Nostra”, do Nação Zumbi, e saía correndo, xingando o %$#&&¨&¨* de tudo que era nome e no final, lá pelo décimo quilômetro, eu estava calminha, calminha, chegando à conclusão que o cara era realmente um idiota por não ver a pessoa legal que ele estava perdendo...
 
           Eu levei minha alma pra passear...
           Outro caso: ano retrasado, passei por umas das maiores tristezas da minha vida: acompanhei de perto, diariamente, o sofrimento do meu tio no hospital. Para poder liberar todo o sofrimento de ficar ali, ao lado dele, num quarto de hospital, olhando bem dentro dos olhinhos tristes dele, não tinha nada melhor do que correr. Eu metia uma versão “Do Jeito que o Rei Mandou”, com o João Nogueira e a bateria da Tradição, e saía correndo chorando, chorando, chorando pelas ruas da cidade. E aquilo ia limpando a minha alma, confortando...
  
Sorria!
Que o samba mata a tristeza da gente...
         Pois é, a corrida é o meu melhor remédio, é a minha melhor amiga, é a minha droga, é a minha entrada e a minha saída. E eu acho que só quem corre sabe o que eu estou falando...
        Eu pensei, no post de hoje, em citar uma das minhas cenas favoritas do cinema. É do Forrest Gump, de 1994, dirigido por Robert Zemeckis, e como toooodo mundo sabe, inclusive meu cachorro Fidel, é ganhador de vários Oscars e tem o Tom Hanks como protagonista. Revi a cena no Youtube e a traduzi:
         Eis que Forrest está lá, sentado no balanço da varanda, olhando pro nada, quando dá na telha:
 Forrest: – Naquele dia, sem razão alguma, saí pra dar uma corridinha. Então eu corri até o fim da rua, e quando cheguei lá, pensei que talvez pudesse correr até o fim da cidade. Quando cheguei lá, eu pensei: “Quem sabe eu poderia correr até o final do Distrito de Greenbow?”. E então eu pensei: “Se eu consegui correr até aqui, por que não cruzar o Estado do Alabama?”. E foi o que eu fiz. Eu cruzei todo o Alabama. Sem razão alguma, eu continuei correndo. Eu corri até os confins do oceano. Quando cheguei lá, pensei: “Se eu consegui percorrer tudo isso, posso apenas dar meia-volta e continuar correndo”. Quando eu cheguei do outro lado do oceano, pensei: “Já que eu consegui correr tudo isso, posso apenas dar meia-volta e continuar”. E quando eu me cansei, dormi. E quando tive fome, comi. E quando eu tinha que seguir adiante, você sabe... Eu corri...
 Na cena seguinte, após ouvir a explicação de Forrest, uma senhorinha, sentada ao seu lado num banco de praça, comenta:
Senhorinha:Mas então você sóóóó correu!!!
Forrest:Éééé!
Forrest dá vazão ao seu pensamento, revelando:
Forrest:Pensei muito em minha mãe, no Tenente Dan, e, principalmente, na Jenny. Pensei muito nela.
      Outra cena entra. Na tevê, Forrest cruza novamente o Estado do Alabama. Vários repórteres tentam segui-lo, buscando respostas sobre o seu “disparate” de simplesmente sair correndo:
Repórter 1:Por que você está correndo?
Repórter 2:Você está correndo pela paz mundial?
Repórter 3:Está correndo pelos mendigos?
Repórter 4:Está correndo pelos direitos das mulheres?
Repórter 5:Ou pelo meio ambiente?
Repórter 6:Ou pelos animais?
Forrest:Eles não conseguiam acreditar que alguém pudesse correr tudo aquilo sem ter uma razão especial.
Repórter 7:Por que você está fazendo isso?
Forrest:Porque eu simplesmente gosto de correr!!!
 
         Essa cena é inspiradora para quem corre. Porque quem ama correr NÃO NECESSITA DE MOTIVO ALGUM PRA ISSO. Ama e pronto. Acabou. Quem corre, de verdade, não corre porque “quer emagrecer”, porque quer “ficar gostoso”, porque quer “ganhar prêmio ou medalha”, porque “faz bem pra saúde”. É claro que todos os motivos citados incentivam a correr. Obviamente, é muito bom comer de tudo sem ter medo de engordar porque eu sei que eu perco muitas calorias. Obviamente é muito bom olhar pro meu corpo e gostar dele, achar bonito os meus músculos e minhas curvas sem gordura. Mas isso tudo é meeeeero detalhe, é uma grande besteira. EU CORRO PORQUE SIMPLESMENTE AMO CORRER! Nenhum outro motivo me move tanto quanto saber, que após quilômetros e quilômetros de esforço, eu vou conseguir.
        E a corrida, como eu sempre digo, acabou moldando uma das minhas melhores qualidades: EU NÃO DESISTO NUNCA. NUNCA. Quem me conhece sabe disso. A corrida ensina a gente a sempre seguir adiante. Como o Forrest, a gente sempre chega ali e percebe que consegue ir até lá. E quando chega lá, sabe que se houver esforço, pode ir ainda além. E assim a corrida leva a gente. Posso dizer que isso, da persistência, eu levo pra minha vida. Pra tudo na minha vida.
          É, a corrida realmente me fez e me faz ser uma PESSOA MELHOR. Aquela menina, de onze anos, franzina, reserva da reserva do time de vôlei da escola, começou a correr porque um dia foi convidada pelo professor Tucano... E como o Forrest, já que ela não tinha nada para fazer, saiu correndo. Desde então, nunca mais parou... Há 25 anos ela corre.
        Mas isso não significa que a menina franzina seja uma “talibã do esporte”, isso não significa que ela não beba, que ela não feste, que ela não coma chocolate, que ela seja uma “mala” que só come barrinha de cereal e só sabe falar dos seus feitos, dos seus tempos, da sua quilometragem, do seu treino... Ela simplesmente é uma menina que ama correr... Como tantas outras meninas e meninos desse mundo.
         E não tem nada que a deixe mais contente do que meter um som porrada no ouvido, calçar o tênis e sair por aí, sem destino, correndo... Às vezes cantando e correndo... Às vezes chorando e correndo... Às vezes sorrindo e correndo… Mas sempre correndo.

4 comentários:

  1. Que lindo o post! Que linda a foto!!!! A modelo é boa mas o editor trabalhou bem! ha ha!!!

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  2. Lindo texto, você é duplamente talentosa!

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  3. Marcele,
    Lindo! Tenho 41 anos e corro desde os 14. Quando assiti Forrest Gump, tive a vontade de sair correndo até em casa. Muito boa essa lembrança.
    Excelente texto, você escreve muito bem.
    Valeu!
    Gilmar
    http://fotocorridagilmar.blogspot.com/

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